"... 'saia enquanto é tempo, confie em mim', aquela voz
ecoava em minha cabeça, a consciência por ter abandonado meu lar pesava sobre
meus ombros como um manto grosso de veludo, '... nada você poderá fazer,
continue sua jornada'. 'Sou muito novo para isso e inexperiente!' pensava, esse
pensamento perpetuou em minha cabeça até minha primeira grande dificuldade como
jovem aventureiro. 'O que estou fazendo? Por que o senhor me escolheu? Por que
a minha cidade? Meus pais, minha família! Meu caminho era nobre, QUEM É VOCÊ?'
E naquela bela tarde de primavera, Tyr me glorificou, em seu corpo humano, me
fez enxergar a luz. Aquele menino jovem e inexperiente foi acolhido
definitivamente por Tyr. 'Eu que nunca sai dos muros de Proskur, mas, fui o
escolhido, fui salvo! Obrigado Senhor! Obrigado por essa missão! Obrigado por
esse dom!' O menino se tornou um servo e Tyr conseguiu mais um sacerdote para
si. '... continue seguindo, um dia você voltará. Quando voltar livrará a sua
cidade e tomará para si o seu trono'. Essas palavras me faziam chorar, rir, era
um misto de emoções nunca antes sentido. Viajantes que passaram próximos de
Proskur me contaram que a cidade está sombria, pessoas estranhas adentram e
saem dela. Magias e rituais sombrios em homenagem a um Deus que nunca ouvi falar,
'está tudo abandonado, meu próprio pai provocou a ruína da cidade', pensava eu
nos vários momentos de solidão. A jornada seguia e o caminho era um só: Neverwinter. 'Sua justiça começará por lá e se espalhará pelo mundo!', dizia
Tyr em meus sonhos. O caminho até Neverwinter era seguro, mesmo eu estando bem
equipado e pronto para a batalha, nunca realmente tinha enfrentado monstros ou
qualquer outra forma selvagem, nem mesmo um lobo, ou urso. Meu treinamento em
Proskur era apenas teoria e, na prática, treinava apenas com os servos e meu pai, nada que pudesse colocar
em risco a minha vida. 'Menino mimado, tolo, nunca será grande coisa, não
assim, treinando com bonecos de madeira e pessoas que nunca demonstraram sua habilidade plena', hoje eu sei, essa voz era Tyr, que desde pequeno falava
comigo, porém não sabia.
'Deuses em Proskur? HAHAHA, isso é coisa
para se tratar fora de meus muros!', dizia meu pai. Mal sabia eu e praticamente
toda a cidade que ele estava preparando a chegada de Asmodeus, servo de Cyric. Tyr me
concebeu visões as quais nunca acreditei, presságios do que estava por vir e, hoje,
essas visões fazem todo o sentido. Uma cidade dominada por um ser maligno,
caída em desgraça. 'Neverwinter está próxima Eobald, continue...'. 'Que
cidade maravilhosa!' Neverwinter é uma cidade que eu jamais tinha pensado existir.
Nenhuma cidade em que estive chegou aos seus pés. Uma cidade repleta de pessoas
diferentes. Andava ali entre guerreiros e bárbaros, clérigos e druidas, etnias que nunca tive conhecimento em Proskur. Por mais que tenha vivido entre
a nobreza, Proskur não era uma cidade grande, muito do que se lia e/ou ouvia ficava
apenas na minha imaginação. '... siga para o templo, é lá que sua jornada como
sacerdote começa', disse Tyr. Quanto mais eu conhecia, lia e conversava com os
demais sacerdotes do templo, menos Tyr me guiava, pois, sabia que ali eu iria
amadurecer e, com o tempo, suas palavras iriam sumir, deixando lugar apenas para a
experiência adquirida como sacerdote.
Hoje sou um sacerdote de Tyr por completo, porém, sei que ainda tenho muito o que aprender. Sua palavra irei semear por terra. A minha cidade? Bem, aquilo me foi
prometido e a justiça de Tyr um dia se levantará contra Cyric e seu bando e, quando esse dia chegar, sob a sua liderança, eu irei governar Proskur
e lá edificarei meu templo em seu nome."
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