quarta-feira, 29 de julho de 2015

[RELATO 5] A Fuga - Oskar Balderk

Sem noção do tempo, cansado, machucado, com fome, me sentia nu e indefeso sem a minha armadura, e ainda, uma sensação de que as coisas iriam piorar a qualquer momento.
Preso em uma “caixa” de pedra com uma grade de ferro fechada por um cadeado, muitas coisas passavam pela minha cabeça, e a que mais me irritava era o cárcere, e a perca da minha liberdade.
A sensação que aquela cela me proporcionava me causava um sentimento de impotência, que nunca antes havia sentido, ainda mais por seres tão inferiores ao glorioso Clã dos Anões do Escudo.
Minha intuição me dizia que um de nós poderia morrer a qualquer momento, mas pior que a morte, é o medo de se tornar um escravo desses malditos goblins.
Em um misto de desespero e ânsia pela liberdade, eu penso “NÃO! Isso não pode continuar, preciso reagir, preciso pensar em alguma coisa rápido”. Porém, no mesmo momento, recuo e penso, “Não posso por a vida de meus amigos em risco”.
Minha cabeça era um turbilhão de pensamentos, planos e estratégias para sair dali, porém, meu corpo não estava tão vivo quanto a minha mente, estávamos todos fracos, famintos e abatidos, sem esperanças de que algo fosse melhorar.
De repente, um barulho diferente, era aquele maldito goblin abrindo a minha cela e me mandando sair, ele me encarava, mas eu podia ver o medo em seus olhos. E ele diz em um tom receoso: “Anão, me siga o mestre deseja a sua presença”.
E então, fui arrastado com força para fora da cela, pelo hobgoblin. Fui escoltado pelos dois até a sala do ogro. Chegando lá, o ogro me olha da cabeça aos pés e diz com certo tom de superioridade “venha comigo” e eu o acompanhei por alguns metros até entrarmos em outra sala, onde o que se via era um buraco nas pedras em volta de um grande lago.
Enquanto reconhecia o local, ouvia as instruções do ogro, que me dizia para que eu esculpisse uma porta de pedra, eu concordei, mas que iria precisar de ajuda, como já esperava, o pedido foi negado e esbravejando disse o ogro “comece imediatamente” enquanto apontava para um caixote de ferramentas no canto da sala. Olho para ele com raiva, ele percebendo a minha ira e com um sorriso no rosto me diz: “Você vai gostar de ficar aqui anão, eu sou um bom mestre”.
Aquelas palavras ecoavam na minha mente, como se eu estivesse sendo espancado por uma turba daqueles malditos goblins, depois disso, respirei fundo e comecei a buscar alguma maneira de conseguir aumentar as minhas chances de sair dali, enquanto isso, para não levantar suspeitas batia com o martelo no ponteiro quebrado aquela imensa parede de rocha.
A cada martelada na pedra, eu me imaginava acertando com o meu machado a cabeça de um goblin. Durante esse momento de raiva, tive uma ideia que poderia aumentar a minha chance de nos tirar daquela maldita caverna. E aí, mais do que depressa, desmontei um pequeno martelo que naquele caixote estava, e cuidadosamente, entrelacei o cabo e o martelo na minha barba deixando-os invisíveis, foi humilhante e doloroso, mas tive que abrir mão do orgulho.
Algum tempo depois que não consigo precisar, já com o martelo escondido, os goblins tiraram as ferramentas das minhas mãos e me arrastaram em direção as celas, no caminho, avisto novamente aquele ogro de duas cabeças me encarando com um olhar desconfiado, suei frio, pensei que poderia ser o final da linha, mas ele acenou com a cabeça para o goblin e eles continuaram com a escolta.
Aquele martelo renovou as minhas esperanças, me fez sentir mais confiante, imaginava mil maneiras de agir, mas cheguei à conclusão que deveria esperar o momento certo. Aproveitando de um momento de distração do hobgoblin que guardava a cela, silenciosamente, tirei as peças e montei o martelo.
Durante isso, Edwin e Kheldrim tentavam bolar um plano para escapar, falavam em magia e outras coisas que eu não entendia bem, depois de traçarmos o plano, Kheldrim vai até as grades de sua cela e como um louco começa a gritar, rapidamente, o hobgoblin enfurecido vai até a cela, no mesmo momento Edwin tenta atingi-lo com uma magia, porém falha, e o hobgoblin enfurecido, entra na cela e atinge Kheldrim com um golpe que o atordoa.
Em uma reação desesperada pela vida de meus amigos, faço o mesmo que Kheldrim, grito e bato com toda a minha força nas grades, e o esperado acontece, ele entra na minha cela e me ameaça com a sua espada, e sem pensar, o ataco com o martelo, acertando-o na cabeça, mas isso não foi o suficiente, só consegui o deixar mais furioso. Consigo desviar bem dos golpes dele, até que em uma investida frustrada no hobgoblin ele deixa a sua espada cair, e ai, bato com o martelo com toda a minha força, ele visivelmente sente a contusão causada pelo golpe, eu já exausto pelos golpes desferidos não consigo desviar do revide, e vou a nocaute. Com a visão meio turva, vejo um raio e sinto uma brisa gelada passando rapidamente por mim consigo ouvir o som do hobgoblin caindo já sem vida no chão, era Edwin havia o acertado. Ouço Eobald puxando o corpo da criatura para sua cela e alguns segundos depois, ouço barulho de cadeados se abrindo, Eobald vem em minha direção sussurra algumas palavras e acompanhado de um clarão, minhas forças retornam e minhas energias se renovam.
Imediatamente, me levanto e com a ajuda de Eobald, libertamos nossos amigos, Eobald inspirado pela graça de Tyr, milagrosamente faz com que Kheldrim se levante totalmente recuperado. Nos olhamos, pegamos tudo que poderia ser útil no corpo do hobgoblin e cuidadosamente seguimos em direção ao corredor direito do mapa que Edwin havia copiado mais cedo, a nossa esperança era que o sol desenhado no mapa nos levasse para fora dali.
Após termos caminhado por pouco tempo no corredor, um cheiro pútrido toma conta no ambiente, era a latrina, como estava marcado no mapa, e logo à frente, avistei um corpo deitado, e não era de um goblinoide, me aproximei, e avistei mais três corpos, um elfo, dois humanos e um meio elfo, todos mortos por estocadas em frente uma porta, que segundo o mapa era chamada de “Aranha Espada”. Esse era mais um aviso para redobrar o cuidado, silenciosamente me comuniquei com meus companheiros e seguidos com muito cuidado na mesma direção, após alguns metros, avistamos uma luz no final do túnel, isso mesmo era uma luz no fim da caverna, nunca antes em toda a minha vida fiquei tão feliz em ver a luz do sol.




2 comentários:

  1. Oskar em apuros mostrou toda sua capacidade! Atacar é fácil quero ver enganar ogro mago! Merece uma cerveja!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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